Mulheres aderem à pesca esportiva e movimentam turismo em Mato Grosso
A pesca esportiva ainda é um exercício pouco praticado no Brasil, apesar da potencialidade do país. De acordo com dados do Sebrae, o esporte movimenta anualmente R$ 1 bilhão. O montante está bem abaixo de outros países como na Alemanha (U$ 8,2 bilhões), Inglaterra (U$ 6,2 bilhões) e Estados Unidos (U$ 24 bilhões), de acordo com números do Ministério do Meio Ambiente.
De toda maneira, há um crescimento e mais pessoas se encantam por este esporte intimamente ligado à natureza. As mulheres, é claro, estão ganhando espaço nos rios, em chácaras ou pesqueiros, e dominam a arte da pescaria.
“Hoje em dia é a maior bobagem isso de sexismo em qualquer área. Tem espaço para todos, principalmente na pesca”, afirma a publicitária Amanda Assunção. Aos fins de semana é nos rios da região do Distrito da Guia (30km de Cuiabá), na fazenda da família, que ela encontra sossego para recarregar a mente. Ela não tem um peixe preferido, mas com a vara e anzol já esticado, iscas em um compartimento de mão, camisa térmica e garrafinha de água a postos para aguentar o calor, Amanda garante que consegue esperar horas pelo peixe.
Com o fim da piracema no dia 28 de fevereiro, a pesca voltou a ser liberada nos rios de Mato Grosso nas modalidades amadora e profissional e são esperadas mais pessoas no crescente grupo de pescadores.
Movidas pela paixão pelo esporte, um grupo de mulheres de reuniu para praticar a pescaria nos rios de Mato Grosso, o “Elas na Pesca MT’’, formado inicialmente por cinco amigas.
A empresária Thassia Gaíva conta que as meninas se reúnem fielmente uma vez por ano para pescar nos rios do Pantanal mato-grossense. “Porto Cercado, em Poconé, é o nosso berço. Já fui em muitos locais, mas pescar aqui é diferente, pescar e poder soltar o peixe faz com que cada pescaria seja uma emoção diferente, toda isca perdida, anzol arrebentado por enganchar é emocionante. Gosto muito de pescar o famoso pacu, porém o pintado e a cachara são troféus para pescaria. Volto com o coração alegre e em paz para aguentar a pressão do dia a dia”, conta Thassia.
O objetivo da pesca esportiva é fisgar o peixe não para consumo ou comércio, mas pelo prazer de pescar. Por isso os peixes são devolvidos vivos à natureza. Geralmente os pescadores pesam, medem e fotografam o peixe antes de devolvê-lo para a água.
Para a advogada e professora universitária Stela Velter, a pesca é quase uma terapia de conexão com o rio e com a natureza. “Meu marido, melhor pescador que eu conheço, me ensinou a pescar. Mas faço todas as etapas sozinha e amo: eu mesma coloco a isca, arremesso, fisgo e tiro do anzol. O primeiro passeio que fiz com meu marido enquanto namorados foi uma pescaria. Fui pedida em casamento num torneio de pesca de surpresa. Para mim, o melhor lugar para pescar é no rio Jauru, em Glória d´Oeste (308km de Cuiabá)”, afirma.
Anna Carolina Curvo, gestora de marcas e designer, conta a primeira vez que pescou foi com o pai em uma canoa de madeira. “Atravessamos o rio Cuiabá, ali em Santo Antônio, e passamos horas conversando. Ele era louco por pesca e fui para aproveitar meu tempo com ele, sabe? Ele já tinha 76 anos, estava com câncer e foi embora poucos dias depois. Isso foi em 1997. Esse dia foi mágico e suficiente para herdar dele essa paixão”, relata.
Carola conta que pescar traz uma conexão incrível com a natureza. “É um momento em que valorizamos as belezas naturais que temos e ignoramos com a correria do dia a dia. A gente admira as águas, o céu, a fauna, a flora durante o esporte. Coisas que nos passam despercebidas geralmente e que se tornam gigantes durante a pesca. Cada peixe é um troféu pessoal que fotografamos e devolvemos ao rio. Não mato peixe em nenhuma circunstância, nem como peixe! Aos que ainda não conhecem o esporte: se permitam! Vão, ao menos uma vez, se presenteiem com esta experiência. É válida para vida", completa Carola.
Para praticar a pesca é necessário fazer a Carteira de Pescador Amador no site da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Custa em torno de R$75. Acesse o link aqui.